Entre os dias 12 e 14/12 a aluna Josseane Fátima de Lima, acompanhada por sua professora Renata Santos, a Coordenadora Jeanne Medeiros e o Gestor Robson Rubenilson participaram da Cerimônia de premiação da Olimpíada de Língua Portuguesa " escrevendo o futuro" na cidade de São Paulo.
Josseane representou Picuí e a Paraíba durante a fase final da competição. " É um orgulho para mim estar representando meu Estado aqui hoje. Eu tenho muito orgulho de ser do Estado da Paraíba" Disse Josseane Lima à reportagem da TV Futura ao ser questionada por estar com a bandeira da Paraíba na final da OLP.
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Conheça o artigo premiado e publicado no livro da Olimpíada de Língua Portuguesa
Complexo
arqueológico picuiense: Um passado ameaçado
Picuí é
uma típica cidade do interior do Brasil. Pacata, localiza-se no Seridó
paraibano e tem sua colonização marcada pelo avanço da pecuária sobre os grupos
nativos a partir de 1704. Durante o séc. XX, foi conhecida pela exploração
mineral e atualmente como a Terra da carne de sol. Contudo, o município possui
um complexo arqueológico formado por treze sítios que é uma potencialidade
muito mais forte que as citadas, mas que permanece em inatividade, seja pela
falta de ações governamentais, seja pela de iniciativa e valorização pela
população, relegando esses sítios à degradação, natural ou antrópica. Por que
os picuienses fecham os olhos diante de tão expressivo patrimônio que poderia
contribuir para o desenvolvimento turístico da cidade?
Os
sítios arqueológicos de Picuí reúnem vestígios de um passado antiquíssimo.
Neles, podem ser encontradas inscrições rupestres, ferramentas líticas ou
cerâmicas, caracterizando-se como alguns dos mais importantes da Paraíba,
aproximando-se à Pedra do Ingá, o sitio arqueológico mais visitado no Estado.
Aqui, compõem, portanto, um patrimônio histórico e cultural imensurável, capaz
de permitir às atuais e futuras gerações conhecer a história de seus
antepassados e, assim, reconhecer-se, explicar sua evolução, contribuindo para
a construção da identidade local. Porém, devido à insuficiência de ações de proteção
e preservação, a ação antrópica está colocando em risco este acervo através de
várias atividades exploratórias, como a atuação de pedreiras de exploração e extração
de minérios.
Apesar
da existência da Lei Federal nº 3.924/1961 e da Lei Municipal nº 1.545/2013 -
ainda sem regulamentação -, que visam à proteção do patrimônio
histórico-cultural, no caso dos sítios picuienses, penso que seu alcance tem se
mostrado ainda tímido para de fato proteger e conservar os registros de nossos
antepassados. Como a identidade de um povo se constrói a partir de sua
história, é imprescindível empreender ações mais eficazes que visem à
preservação dos sítios arqueológicos de Picuí como forma de identificar a
origem de nosso povo e seus traços culturais. Além disso, é uma atitude de
respeito às primeiras comunidades que ocuparam a região do Seridó da Paraíba.
Mas se esses sítios continuarem desprotegidos, como garantir que as gerações
futuras possam conhecer suas origens?
A
priori, a preservação não é uma tarefa fácil, ao considerar que parte da
comunidade rural vive da exploração das rochas que formam os sítios, enquanto
as demais não têm ou têm pouco conhecimento de sua existência. As pedreiras
podem gerar empregos temporários, mas causam um prejuízo sócio-histórico-cultural
incalculável. Qual seria então uma alternativa capaz de gerar emprego, renda e
manter protegido o patrimônio cultural da humanidade em Picuí?
Penso
que o turismo arqueológico é uma alternativa viável. Para tanto, a comunidade
precisa provocar os órgãos responsáveis, como o IPHAN, e, simultaneamente,
intensificar a fiscalização para proteger as áreas arqueológicas. Na educação,
é preciso definir conteúdos para escolas, bem como formar jovens-guias para
atuar na visitação aos sítios. Nas comunidades, poderão ser criadas trilhas de
visitação e reconhecimento dos registros históricos, pequenos museus para
receber os visitantes, onde poderão encontrar não só o registro da história ali
presente, mas também peças artesanais confeccionadas pelos artesãos locais,
gerando assim uma atividade rentável para manutenção dos serviços ali
oferecidos. É preciso criar também uma rede de assistência ao turista na
cidade, pois o turismo arqueológico ainda poderá movimentar os hotéis,
restaurantes e o comércio local.
Em suma,
é preciso compreender que ter a oportunidade de conhecer de perto a vida dos
seus antepassados e reconstruir a história e os costumes dos povos antigos é um
privilégio de poucas cidades no mundo moderno. Em contrapartida, manter tal
privilégio exige que toda a comunidade local esteja envolvida no propósito de
valorizar e preservar seu patrimônio histórico e cultural, pois no momento em
que não se preserva um sítio arqueológico, está sendo desconstruída a própria
identidade do povo.
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