segunda-feira, 15 de junho de 2015

FOLHAS SECAS. Poema de Francisco Moura


O poeta Francisco Moura de Macedo Neto nasceu em 31 de março de 1993 em Picuí, Paraíba. Filho de uma família pobre, desde criança demonstrou certa curiosidade por coisas de natureza cientifica. Nunca conheceu o pai, pois esse abandonou sua mãe quando ainda ele era um bebê. Por sorte seus avôs o adotaram, pois na época a mãe não tinha condições de criar a pequena criatura anêmica. 

Conheça seu poema: 

Carrega em suas mãos
A bandeira da mudança.
O vento do leste
Vem de longínquo superando
As velhas folhas secas
Que caíram na ultima primavera
Por entre estilhaços de bala.

As vozes mortas não há
De lamentar mais suas dores.
A esperança que morava
Nos olhares famintos do povo desgarrado
Também tornou-se em sangue.
Assim como o rio cristalino
Que corre entra as campinas minadas.




A veemência das palavras belas
E, a euforia das massas
Quebrantava os corações.
Quão eloquente as falas
Que ecoavam em meio a praça pública.
Anunciando novos tempos e prósperos dias.

Na viração do dia
Corria a noticia na pequena cidade.
Um motim, um movimento e outras queixas.
 Talvez fosse dia de chuva ou algo parecido.
A todo vapor vêm, e vem cortando o vento
Sua fúria cai sobre os homens
Como um martelo que esmiúça
A mais dura rocha. Do outro lado
Pode-se ouvir o choro das crianças.

Os berros de suas rodas de ferro
Cortando os trilhos
Além das montanhas se vai seu som devastador.
O céu de repente tornou-se puro carvão,
Mais tão escuro que quem se pusesse a olhar
Temia ser o fim. 


As folhas secas das causadas
Jogadas ao leu, sem norte e sem flor
Arrastadas foram pisadas foram sem piedade.
O vento análogo ao flagelo de couro
Cortavam-lhes a carne. O suor salgado
Misturado ao sangue quente das muitas agonias
Vertiam de seus corpos no calor do meio-dia.

Do meu lado, chorava o homem
Que por quase  pouco viveu sua utopia ufana.
As quimeras em uma só chibatada lhes foram tiradas.
Tão profunda é a dor que em um só golpe destrói
Ate seus mais profundos sonhos.
Os bons tempos prometidos
Não os viu chegar, pois nunca aconteceu.
O pobre homem sucumbiu na vala fria.

Em cada rosto eu notava os mais sutis detalhes,
Quem outrora brilhava e sorria hoje arrependidos
Lamentam, a cada dia que passam presos
Aos grilhões de ferro.                                               F. Moura

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alunos e professora da ECI Professor Lordão foram novamente selecionados para participar da 24ª Feira Internacional Ciência Jovem na cidade de Recife-PE

Os alunos Alisson Santos e Artur Cândido, ambos da 2ª série do Ensino Médio, juntos com a professora de robótica e Física Érika Suely...